Notícias > A resposta da Natureza
Calamidade no Estado de Santa Catarina traz prenúncio de mais catástrofes ambientais, caso não haja manejo e conservação de água e solo adequados
Como lidar com o manejo e a conservação do solo e da água em tempos de mudanças climáticas? Esta é a resposta que todos estão tentando encontrar após o desastre ocorrido no Estado de Santa Catarina, causado por fortes chuvas e, intensificado, pelas enchentes e deslizamentos de terra, nos meses de novembro e dezembro. A devastação na região do Vale do Itajaí causou centenas de mortes e prejuízos, desabrigando várias famílias. Uma resposta da natureza para as ações imprudentes do homem.
Para os especialistas, a principal causa dos comprometimentos de solo e água, não só neste caso, mas em muitos outros, no mundo todo, tem sido a grande demanda e uso intensivo da terra, seja para construções de imóveis, como para empreendimentos agropecuários e industriais. Um fato agravado pelo manejo negligente dos recursos naturais, como derrubada de matas ciliares, ocupação de encostas, impermeabilização do solo, vazamentos de resíduos contaminantes e descarte inadequado de sólidos. Processos de devastação que estão resultando no aquecimento global e em variações climáticas bruscas, um verdadeiro “efeito dominó” de catástrofes ambientais.
Segundo Ângelo Mansur Mendes, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Rondônia, com ênfase em Ciência do Solo, os processos de degradação - erosão, desertificação, salinização, compactação, contaminação e esgotamento - modificam as características físicas, químicas e biológicas do solo e trazem diversas implicações. De acordo com Ângelo, a erosão causada pelas chuvas, é a de maior preocupação, principalmente, nos grandes centros urbanos, onde a conservação do solo e da água não é respeitada. “A ênfase para a erosão hídrica é devido ao alto grau de erosividade das chuvas, que é determinada por um cálculo obtido pela intensidade máxima da chuva durante trinta minutos contínuos”, afirma o especialista. A erosão representa uns dos principais processos de degradação do solo e se dá em três etapas: destruição da estrutura do solo, transporte e acumulação numa outra área ou manancial hídrico, com assoreamento e enterro destes recursos hídricos.
Para minimizar a erosão hídrica, algumas práticas são recomendadas, segundo o especialista. “A primeira etapa é evitar a destruição da estrutura do solo, para isso deve-se manter o solo coberto por plantas, com redução do desmatamento. É preciso evitar a queimada, fazer o reflorestamento de áreas degradadas, com recuperação de mata ciliar. Nas atividades agrícolas, deve-se adotar práticas conservacionistas”.
O processo de formação do solo é complexo e lento, precisando de muito tempo para se formar, numa ordem de
Para conhecer melhor as formas de manejo e conservação da água e solo, prevenindo novos desastres, é necessário o trabalho de monitoramento ambiental, com a criação de um banco de dados hidro-meteorológicos e a realização de um levantamento hidro-pedoclimático da região, afim de estudar as bacias hidrográficas e orientar a ocupação urbana da região