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Notícias > A resposta da Natureza

Publicado em 12/01/2009

Calamidade no Estado de Santa Catarina traz prenúncio de mais catástrofes ambientais, caso não haja manejo e conservação de água e solo adequados

 

Como lidar com o manejo e a conservação do solo e da água em tempos de mudanças climáticas? Esta é a resposta que todos estão tentando encontrar após o desastre ocorrido no Estado de Santa Catarina, causado por fortes chuvas e, intensificado, pelas enchentes e deslizamentos de terra, nos meses de novembro e dezembro. A devastação na região do Vale do Itajaí causou centenas de mortes e prejuízos, desabrigando várias famílias. Uma resposta da natureza para as ações imprudentes do homem.

 

Para os especialistas, a principal causa dos comprometimentos de solo e água, não só neste caso, mas em muitos outros, no mundo todo, tem sido a grande demanda e uso intensivo da terra, seja para construções de imóveis, como para empreendimentos agropecuários e industriais. Um fato agravado pelo manejo negligente dos recursos naturais, como derrubada de matas ciliares, ocupação de encostas, impermeabilização do solo, vazamentos de resíduos contaminantes e descarte inadequado de sólidos. Processos de devastação que estão resultando no aquecimento global e em variações climáticas bruscas, um verdadeiro “efeito dominó” de catástrofes ambientais.

 

Segundo Ângelo Mansur Mendes, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Rondônia, com ênfase em Ciência do Solo, os processos de degradação - erosão, desertificação, salinização, compactação, contaminação e esgotamento - modificam as características físicas, químicas e biológicas do solo e trazem diversas implicações. De acordo com Ângelo, a erosão causada pelas chuvas, é a de maior preocupação, principalmente, nos grandes centros urbanos, onde a conservação do solo e da água não é respeitada. “A ênfase para a erosão hídrica é devido ao alto grau de erosividade das chuvas, que é determinada por um cálculo obtido pela intensidade máxima da chuva durante trinta minutos contínuos”, afirma o especialista. A erosão representa uns dos principais processos de degradação do solo e se dá em três etapas: destruição da estrutura do solo, transporte e acumulação numa outra área ou manancial hídrico, com assoreamento e enterro destes recursos hídricos.

 

Para minimizar a erosão hídrica, algumas práticas são recomendadas, segundo o especialista.  “A primeira etapa é evitar a destruição da estrutura do solo, para isso deve-se manter o solo coberto por plantas, com redução do desmatamento. É preciso evitar a queimada, fazer o reflorestamento de áreas degradadas, com recuperação de mata ciliar. Nas atividades agrícolas, deve-se adotar práticas conservacionistas”.

 

O processo de formação do solo é complexo e lento, precisando de muito tempo para se formar, numa ordem de 5 cm de solo a cada 100 anos. “O solo pode ser considerado um recurso natural não renovável a curto e médio tempo. O que torna importante o conhecimento do manejo e conservação dos solos”, explica ele.

 

Para conhecer melhor as formas de manejo e conservação da água e solo, prevenindo novos desastres, é necessário o trabalho de monitoramento ambiental, com a criação de um banco de dados hidro-meteorológicos e a realização de um levantamento hidro-pedoclimático da região, afim de estudar as bacias hidrográficas e orientar a ocupação urbana da região em questão. Segundo Mauro Banderali, diretor da Ag Solve, empresa especializada no assunto, “o trabalho de acompanhamento da intensidade e volume das chuvas, com dados sobre sua forma de escoamento, vazão e nível de rios e tempo de concentração das bacias hidráulicas, são essenciais para evitar novos problemas, não apenas de inundações, mas também de disponibilidade dos recursos hídricos e a forma de melhor utilizá-los, como em casos de sec ou de regimes de veranico. À medida que as prefeituras dos municípios criarem estruturas com sistemas de monitoramento e informação cada vez mais sofisticados, melhor munidos elas estarão para traçar os projetos de urbanização, com segurança”, conclui ele.

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