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Notícias > Efeito 3 em 1

Publicado em 22/10/2007

 

Relâmpago, raio ou trovão? Saiba como se proteger de um fenômeno com tantos nomes, mas que é apenas um só

 

Relâmpago, raio ou trovão? Você imagina qual é o pior? Se você escolheu alguma das opções, já errou. Os três são apenas uma coisa só. “O raio é o efeito visual da descarga elétrica, o relâmpago é o fenômeno em si, e o trovão é o efeito sonoro”, detalha o pesquisador e diretor do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Jurandir Zullo Júnior.

 

Os relâmpagos são causados quando certa região de uma nuvem acumula excesso de carga elétrica, positiva ou negativa. A forma de desfazer a tensão gerada é por meio da transmissão da eletricidade, ou seja, o relâmpago. Normalmente, os raios ocorrem nas cúmulos-nimbos, as nuvens acinzentadas e chuvosas. Há 3 tipos principais de relâmpagos: dentro de uma nuvem, entre nuvens, e da nuvem para o solo.

 

A temporada deste fenômeno da natureza, tão temido por todos, já começou no Sul e Sudeste do Brasil.  Zullo explica que “nessas regiões do País, de outubro a março, durante a primavera e o verão, há maior quantidade de energia solar e também maior umidade do ar, a combinação principal para a geração de relâmpagos, entre outros fatores. O calor e a umidade atuam como uma espécie de ‘combustível’ para a ocorrência do fenômeno”.

 

Segundo um relatório divulgado pelo grupo de eletricidade atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com dados de 2005/2006, a região da grande São Paulo é o local de maior incidência de raios no país. O estudo apontou a cidade de São Caetano do Sul como a primeira colocada na lista, seguida de Suzano, a vice. Outras duas cidades importantes do interior paulista, Indaiatuba e Campinas, também estão entre as cidades com maior índice de ocorrência de raios no Brasil, ocupando a 44°e 50° colocação, respectivamente.

 

 

POLUIÇÃO

 

Nos grandes centros urbanos, a poluição tem contribuído cada vez mais para a formação dos relâmpagos. O aumento da incidência nestas áreas ocorre devido ao aumento das partículas de poeira suspensas na atmosfera e a intensificação das chamadas ilhas de calor - elevação da temperatura nas áreas urbanas, devido a impermeabilização do solo e construções de concreto. “Para a formação dos raios, além da umidade e do calor, precisam existir os núcleos de condensação. São as partículas em suspensão na atmosfera que fornecem um meio para a água ter um depósito. Quanto mais partículas, mais moléculas de vapor de água se agregam nas nuvens, e mais partículas de gelo são formadas. O atrito entre elas produz cargas elétricas que se acumulam e se convertem nos relâmpagos”, explica o pesquisador.

 

 

EDIFÍCIOS, CAMPOS E CONSTRUÇÕES

 

Edifícios, campos e construções são considerados os locais de maior exposição e probabilidade para a incidência de raios. Zullo conta que “a descarga elétrica sempre procura o caminho mais curto para se propagar, por isso, sempre é conduzida para os pontos mais altos”.

 

Se você está num edifício alto, sem a proteção de pára-raios, em área aberta, ou em uma obra com cabos e fios expostos, a probabilidade de atrair um raio é gigantesca. “Por isso, o monitoramento e os registros são tão fundamentais nestes locais, para que tenhamos uma estatística sobre o fenômeno e, principalmente, para que seja possível a prevenção e a minimização de acidentes e prejuízos”, finaliza o pesquisador.

 

Segundo o técnico da Ag Solve, Rafael Monteiro, “empresas e empreendimentos que estejam em áreas de campo aberto, desprotegidos, com presença de humanos, produtos tóxicos ou explosivos precisam de prevenção contra raios e de equipamentos que antecipem o fenômeno, especificamente, na sua área de atuação. Além disso, a tecnologia para prevenção e análise dos raios já possibilita a utilização destes equipamentos em escritórios móveis (usados em diferentes etapas de obras), para construções e trabalhos no campo que precisam que a previsão os acompanhe na obra, no trecho em que ela estiver”.

 

Para monitorar estes fenômenos e antecipar a chegada dos raios, a empresa de monitoramento ambiental Ag Solve tem dois equipamentos que auxiliam nesta prevenção. São eles, o Storm Tracker e o EFM-100.

 

O Storm Tracker mostra informações sobre os raios que caem dentro de uma área de 1 quilômetro. Composto por uma antena, que pode ser instalada em uma torre ou telhado, ele envia os dados para uma placa de captura em um computador com o software do equipamento instalado. O software apresenta um mapa com a região de abrangência na tela, que aponta onde ocorreram os raios. “Isso é possível, pois toda corrente elétrica gera um campo eletromagnético que imite pulsos, e esses pulsos são registrados pelo equipamento e depois repassados para o sistema e visualizados na tela do computador”, explica o técnico.

 

Já o EFM-100 monitora o campo magnético num raio de 40 quilômetros.  Quando esse campo eletromagnético é modificado por uma descarga elétrica, o aparelho também capta e manda os dados para o computador. O equipamento registra que haverá incidência de raios na região monitorada, determinando que o local está perigoso e com probabilidade de tempestade “Mas a melhor forma de prevenção é trabalhar com o par, pois um complementa o outro”, finaliza o técnico da Ag Solve.

 

É importante lembrar que, no caso dos prédios, o uso do pára-raios também é essencial para a proteção das pessoas e de seus bens. Os especialistas recomendam que pelo menos uma vez ao ano seja feita a manutenção e a análise dos raios monitorados pelo equipamento instalado.

 

 

LENDA

 

Segundo o pesquisador da Unicamp, muitas pessoas acreditam que o pneu é o isolante dos raios, quando se está dentro de um veículo fechado. “Isto é um engano”, garante. 

 

“Tudo o que forma uma espécie de gaiola metálica, protege o que está dentro dela. Na verdade, o que ninguém sabe é que o grande isolante é o metal do carro, que é um bom condutor de eletricidade e dissipa toda a carga para o chão. Por isso, todos os veículos metálicos fechados são uma boa proteção contra os relâmpagos”, explica ele.

 

 

DICAS!

 

O Brasil ocupa o 7º lugar no ranking dos lugares com a maior incidência mundial de raios por quilômetro quadrado ao ano, segundo informações divulgadas pela Agência USP. Essa posição está, em boa parte, relacionada ao fato do país ter dimensões territoriais continentais e estar situado em uma área Tropical do planeta – condições que propiciam condições para a formação do fenômeno. Fique atento para as dicas:

 

  • Jamais busque abrigo embaixo de árvores
  • Não fique em lugares altos ou em posição mais elevada em relação ao demais objetos que estiverem em sua volta
  • Evite lugares abertos, como praias, campos de futebol, etc
  • Não fique próximo da água, como de lagos, mar, piscina, etc
  • Não use telefone, celular ou qualquer aparelho de comunicação, a não ser em caso de emergência
  • Não carregue e não tenha contato com qualquer objeto de metal que esteja exposto, como torneiras, canos, carros conversíveis, motos, bicicletas, arames, varais, etc
  • Evite utilizar eletrodomésticos, é aconselhável tirá-los da tomada e manter-se longe da mesma
  • Evite abrigos isolados como quiosques, barracas, etc
  • Em campo aberto, o ideal é permanecer agachado, com a cabeça entre as pernas

 

 

Saiba mais informações e curiosidades sobre o fenômeno e seu monitoramento no Brasil acessando o site do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe: https://www.inpe.br/webelat/homepage e também o site da Universidade Federal do Pará: https://www.ufpa.br/ccen/fisica/aplicada/entrada.htm

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