Notícias > De São Paulo ao Piauí, contaminação é realidade em aterros sanitários.
Estudo mostra a presença de metais pesados em lençóis freáticos próximos a aterro sanitário. O problema é uma realidade em todo país.
Pesquisa da Universidade Federal do Piauí alertou para a existência de metais pesados nos lençóis freáticos em áreas próximas ao aterro sanitário de Teresina, capital do estado. A contaminação foi detectada na água coletada em dois poços de controle, sendo que o mais fundo deles está a 14 metros da superfície. Em Teresina, o chorume (líquido de alta carga orgânica e química, com potencial explosivo) fica depositado em uma espécie de lagoa. O estudo aponta a presença de cobre, chumbo, crômio e zinco em líquidos subterrâneos próximos à área do aterro. Embora cumpra as exigências em relação à localização, o aterro de Teresina é chamado controlado, pois não conta com manta de proteção para impedir a infiltração do chorume e de poluentes, e evitar a contaminação do meio ambiente subterrâneo. O aterro controlado é considerado um meio termo entre aterro sanitário e lixão.A mesma realidade de contaminação pode ser observada em estudos publicados para diversos aterros sanitários, entre eles o da cidade de Ribeirão Preto (SP) (veja https://www.scielo.br/pdf/csp/v23n4/20.pdf); ou da cidade de Niterói (RJ) (veja https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-311X1996000400010&script=sci_abstract&tlng=pt).
E o chorume, um dos resultados da destinação do lixo urbano em aterros, é um dos agentes que contamina os corpos d’água superficiais e subterrâneos.
O que pode ser feito para resolver ou amenizar o problema?
Segundo Mauro Banderali, diretor e especialista em instrumentação ambiental da Ag Solve, “a tecnologia de bombas pneumáticas permite a remoção do chorume com eficiência e baixo consumo de energia, sem maiores riscos por utilizar ar comprimido”. Em muitos casos estas bombas são utilizadas também para acelerar a geração de gases em aterros, tornando-o uma alternativa economicamente viável, reduzindo o despejo de dióxido de carbono e metano na atmosfera e diminuindo significativamente os efeitos desses gases, que contribuem para o efeito estufa. Para Banderali, “outra questão relevante é o uso de estações meteorológicas em aterros sanitários para o monitoramento do volume das chuvas no aterro e para avaliação do volume de água, que deverá ser removido (por bombeamento ou gravidade) e armazenamento do chorume para correta destinação”.
Os investimentos para monitoramento em aterros sanitários têm diversas variáveis, dependendo das técnicas utilizadas na construção. Banderali explica que para aqueles que já previam o controle e a redução de contaminantes na atmosfera, o investimento será menor, mas como regra, dependerá das características de relevo, permeabilidade, regime hídrico, camadas de impermeabilização, entre outras.